Capesesp desenvolve estudos para promover assistência de qualidade aos beneficiários

Dra. Juliana Martinho Busch, Diretora de Previdência eAssistência e o Diretor-Presidente, Dr. João Paulo dos Reis NetoAo longo dos últimos três anos, a Capesesp tem implementado diversas ações voltadas para a prevenção e promoção da saúde, com foco no bem-estar e qualidade de vida dos beneficiários. Uma delas foi a Pesquisa de Perfil Epidemiológico, realizada com o objetivo de conhecer melhor a real situação da carteira de associados do Capesaúde e, assim, adotar estratégias específicas de Atenção à Saúde.
 
Os resultados da pesquisa alertaram para diversos pontos, com destaque para os fatores de risco para o câncer e a ocorrência de doenças crônicas, tais como diabetes e pressão alta. Em resposta a esses dados, o Diretor-Presidente, Dr. João Paulo dos Reis Neto, e a Diretora de Previdência e Assistência, Dra. Juliana Martinho Busch, elaboraram estudos em diferentes áreas para avaliar o efeito das intervenções de cuidados à saúde e promover assistência de qualidade aos usuários do Plano, por meio de tratamento adequado, novas terapias e medicamentos.
 
A Entidade foi reconhecida pela assistência prestada aos beneficiários e apresentou alguns desses trabalhos em eventos internacionais de economia da saúde e no Brasil, onde recebeu, por três anos consecutivos, o Prêmio Saúde Unidas, entregue pela principal associação de entidades de autogestão do País (UNIDAS).
 
Em entrevista, o Diretor-Presidente explica alguns dos temas abordados nos trabalhos. 
 
Capesesp: Os três primeiros estudos realizados na sua gestão foram sobre o câncer. Por que esse tema foi escolhido?
Dr. João Paulo: Os dados da Pesquisa de Perfil Epidemiológico chamaram a nossa atenção para os fatores de risco determinantes da ocorrência do câncer, e já se sabe que 30% dos casos da doença poderiam ser evitados com o controle desses fatores. Um dos estudos comprovou a associação do tabagismo com câncer de pulmão, laringe e esôfago; da obesidade com câncer de ovário; e do etilismo com câncer de mama feminina, comprovando que a prevenção da doença se dá pelo controle dos fatores de risco de sua ocorrência. Além disso, avaliamos a utilização de quimioterapia no tratamento do câncer em associados e observamos elevado número (36%) que foi realizado nas últimas quatro semanas de vida, indicando a necessidade de discutir cuidados de suporte, já que a administração de quimioterápicos nesse período pode impactar de forma negativa a qualidade de vida do paciente.   
 
Capesesp: A dor crônica também é considerada um grande problema de saúde mundial, com índice de 30% de adultos afetados no Brasil. Como está a situação dos beneficiários do Capesaúde?
Dr. João Paulo: A Pesquisa de Perfil Epidemiológico revelou que a dor crônica afeta cerca de 20% da população do Capesaúde. Por esse motivo, desenvolvemos um estudo sobre o tema e identificamos que os tipos mais comuns são: coluna, membros, dor de cabeça (cefaleia/enxaqueca) e dor abdominal. A dor crônica gera impactos a longo prazo sobre a qualidade de vida do paciente e seus familiares, bem como gastos substanciais com os serviços de saúde. A prevenção sempre é a melhor alternativa e, nesse caso, recomenda-se a prática regular de atividade física, correção postural, fortalecimento muscular, alimentação adequada aliada ao controle de peso e de doenças crônicas, como hipertensão e diabetes. Cabe lembrar que a Capesesp possui programas de reembolso e fornecimento de medicamentos e uma das possibilidades no futuro é ampliá-lo com a inclusão de alguns tipos de dor crônica.   
 
Capesesp: O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) citou uma pesquisa da Capesesp em uma reportagem sobre a relação entre o tabagismo e o uso de serviços de saúde. O senhor poderia falar um pouco mais desse trabalho?
Dr. João Paulo: Em 2018, realizamos um estudo sobre esse tema porque o consumo de tabaco entre os associados do Capesaúde ainda está acima da média nacional. Na pesquisa, mostramos que os fumantes têm mais chances de desenvolver doenças respiratórias, cardiovasculares e o câncer, aumentando em aproximadamente 5% a necessidade de procedimentos ambulatoriais, tais como consultas, exames e atendimentos em pronto-socorro. Nesse sentido, temos enfatizado entre os associados os benefícios alcançados após parar de fumar: em 24 horas, os pulmões já funcionam melhor; em três semanas a respiração se torna mais fácil; e, no primeiro ano, por exemplo, o risco de morte por infarto no miocárdio é reduzido à metade, segundo dados do Ministério da Saúde.
 
Capesesp: Segundo a Pesquisa de Perfil Epidemiológico, o número de hipertensos (pessoas que têm pressão alta) na carteira do Capesaúde aumentou 62% nos últimos dez anos. Como o senhor avalia esse cenário?
Dr. João Paulo: Como cardiologista de formação, posso afirmar que pelo menos 40% dos casos de infarto e 80% dos derrames cerebrais (AVCs) estão ligados à hipertensão, portanto, poderiam ser evitados com uma dieta com pouco sal, exercícios físicos e controle da doença. Temos incentivado esses hábitos em diversas publicações da Entidade, especialmente nas redes sociais. Em relação ao controle, temos o benefício Auxílio Medicamento de Uso Contínuo, que idealizei e implantei quando ocupava o cargo de Diretor de Previdência e Assistência. O Programa fornece medicamentos tanto para hipertensão arterial como para infarto, insuficiência cardíaca congestiva e acidente vascular cerebral, tendo sido, esses dois últimos, temas de outros estudos desenvolvidos recentemente, em que abordamos os impactos dessas doenças e a implantação de boas práticas, baseadas em evidências científicas, para reduzir o risco de hospitalização, bem como o acesso a terapias que, de alguma forma, possam contribuir para a redução das taxas de mortalidade e reinternação, proporcionando melhor qualidade de vida e a racionalização da utilização dos recursos. 
 
Capesesp: Muito se fala sobre o impacto das doenças sobre as atividades laborativas, e a enxaqueca é uma delas. Neste período também foi desenvolvido um estudo inédito sobre esse tema na saúde suplementar. O que podemos destacar sobre esse assunto?
Dr. João Paulo: A enxaqueca está entre as vinte doenças mais incapacitantes no mundo e acomete especialmente as mulheres, conforme demonstrado no estudo. A pesquisa também demonstra que 32% dos portadores da doença chegam a perder até 30 dias de trabalho e 86% deles utilizam medicação por conta própria, além de, frequentemente, não receberem atendimento médico especializado, refletindo em custos adicionais ao sistema de saúde. Esses dados evidenciam a importância da coordenação dos cuidados em saúde, o que, na Capesesp, é feito por meio do Programa de Gerenciamento de Pacientes Crônicos, o qual era desenvolvido por uma empresa terceirizada desde 2013 e, em 2017, passou a ser executado por profissionais de saúde da própria Capesesp. O monitoramento dos associados é realizado por meio de telefonemas e as informações são armazenados no sistema informatizado da Entidade, para melhor gestão da carteira e racionalização dos recursos.  
 
Além dos temas citados, também foram desenvolvidos estudos sobre asma, obesidade, osteoporose, saúde mental e autopercepção negativa da saúde. Embora também avaliem os custos assistenciais, que são importantes para a sustentabilidade de qualquer plano, o objetivo dos trabalhos é, sobretudo, abordar opções de tratamento que promovam uma melhor condição de saúde.